sábado, 7 de fevereiro de 2009

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O debate (e 2)

É neste contexto que não entendo o "debate" no interior do PS.
Vejamos.
O PS está hoje no poder, com maioria absoluta, pela primeira vez desde a fundação da democracia.
A eleição do actual líder foi uma das mais clarificadoras da história do partido - um certo esquerdismo alérgico ao poder versus o pragmatismo de raiz soarista (o homem que meteu o socialismo na gaveta, quando foi preciso). A discussão foi acesa, mas a vitória foi clara.
Quatro anos passados sobre a obtenção da primeira maioria absoluta, o PS lidera (nunca deixou de liderar) todas as sondagens, sendo que uma análise fria e distanciada permite perceber que a repetição desse feito está perfeitamente ao alcance.
Foram quatro anos em que o único partido capaz de disputar o governo com o PS já teve de mudar de líder três (!) vezes.
E isto acontece mesmo depois de o governo saído dessas eleições ter afrontado vários interesses instalados da sociedade portuguesa e ter posto em marcha reformas, cujos resultados só se sentirão daqui a anos, mas cujos custos políticos são pagos à cabeça.
E isto acontece após quatro anos de governo em que, apesar do pragmatismo, são evidentes as marcas genéticas do partido nas políticas e nos resultados.
E isto acontece mesmo num cenário de profundas alterações do contexto (económico, por exemplo) e de clara e generalizada hostilidade dos media.
Nestas circunstâncias, o que querem mesmo debater?

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