quarta-feira, 30 de junho de 2010

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canções para o resto da vida (22)

numa entrevista à time out lisboa, o reverendo e cantor soul al green responde assim à questão sobre se alguma vez teve de escolher entre deus e a música:

"nunca passei por essa fase. houve uma fase em que questionei o que era mais importante, se esta miúda se aquela? mas pensei: ficou com as duas".

enquanto lia esta entrevista, recordei um artigo recente (de onde, meu deus?) acerca da ressurreição que certas canções alcançam quando passadas pela voz de um bom intérprete de soul.
é o caso deste how can you mend a broken heart, dos bee gees.



embora a interpretação ao vivo seja interessante, o som não lhe faz justiça. vale, pois, a pena ouvir o original:



são seis e minutos e trinta segundos de sexo tântrico. neste particular, permito-me chamar a atenção para o trabalho de língua que pode ser ouvido aos 4:20.

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passei há momentos junto ao local onde estão reunidos os accionistas da pt - o odor a dinheiro logo pela manhã não tem os efeitos que me prometeram.

terça-feira, 29 de junho de 2010

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canções para o resto da vida (21)



gainsbourg é mais que música. uma atitude. talvez por isso, sempre gostei muito desta lemon incest, com charlotte adolescente, look à rapaz, tão rapaz quanto a mãe. canção impossível, claro. é essa a ideia. pa pa pa pa...

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não soube viver, não soube morrer. é pena.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

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tropecei num post e ia a escrever: esta miúda faz-se. parei a tempo.

sábado, 26 de junho de 2010

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continua aqui

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porto, um dia destes (2)

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numa cidade perdida do interior, há umas décadas, o círculo de leitores foi uma porta de entrada para novas aventuras. com o correr dos anos, foi-se-me tornando num amontoado de coisas dispensáveis. uma relação que perdura por mera rotina.
o sr. lima era, até à semana passada, um quase anónimo, o chato do círculo de leitores, não porque fosse chato, mas por dar rosto a essa relação contrariada. até que uma carta anunciou a sua morte. o sr. lima morreu. assim, sem mais explicações, sabe-se lá do quê, sabe-se lá como.
é uma morte que me incomoda. o chato do círculo estava num limbo. ficava à porta, na porta entreaberta.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

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bolas, logo agora que já estava a pôr de parte as moedas de 50 cêntimos...

quinta-feira, 24 de junho de 2010

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há sete anos (!), assinalei o 25.º aniversário da morte de jacques brel com uma série de posts acerca das minhas canções preferidas do gigante.
também por essa altura, tive a sorte de passar por bruxelas e visitar uma exposição evocativa. completei a discografia e a videografia. escrevi muito num jornal que na altura frequentava. e li um livro fascinante, j'attends la nuit, em que um amigo contava as últimas conversas nocturnas na polinésia, à beira da morte.
da passagem pelos açores, há coisas esparsas. memórias. recordo especialmente um disco (anticiclone, de fernando tordo, que pode ser ouvido  aqui - ouçam, por exemplo, 'sou de outras coisas' e 'o bem aparecido').
é com muita curiosidade que hoje vou ao são luiz.

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uma coisa é envolverem-me em coisas nas quais não participei e de que desconheço, ainda hoje, os mecanismos de funcionamento. outra, bem diferente, é acharem que precisaria de 40 horas para escrever 4 páginas sobre o magalhães. isso já é insulto. agora, vou almoçar.

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o dia em que o beijo morreu

Alfred Eisenstaedt

este blogue começou com um beijo célebre. francês, claro. agora - alertou-me um amigo - outro beijo célebre torna-se irremediavelmente irrepetível.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

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porto, um dia destes

terça-feira, 22 de junho de 2010

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projecto de romance:
o rapaz que coleccionava verões.


projecto de colecção:
o rapaz que romanceava verões.

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canções para o resto da vida (20)

richard hawley, um obscuro músico de estúdio, constrói uma carreira paralela num registo acentuadamente romântico. e melhora com idade. esta canção, do disco mais recente, é herdeira de cole porter e nem tanto da linhagem pop/rock em que hawley navega.



[com dedicatória]

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o "aquário televisivo" em que vivemos, por joão lopes, que assina as melhores reflexões que actualmente se podem ler acerca dos fenómenos mediáticos e respectivas interacções com a política.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

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de manhã, no rádio, explicavam-me que hoje é o dia mais longo, bla, bla, que começa o verão e que, por isso, os especialistas alertavam para os perigos dos... solários. e até apareceu um senhor, especialista, pela certa, a dizê-lo de viva voz.
à tarde, noutra rádio, bla, bla, que começava o verão e que, e tal, bla, bla, é preciso muito cuidado com os solários.
acho que está tudo doido. devem ter ido aos solários e deixaram esturricar a moleirinha.

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Deus, garantem-me, nada percebe de finanças.
sempre que a banca se alegra (agora foi o subsídio de férias...), há umas contas (agora foi uma absurda revisão do carro) que comem tudo.
logo, diz-me a lógica, Deus não existe.
e, é claro, esta é a interpretação mais benévola que Dele posso fazer.

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os portugueses vivem por estes dias uma daquelas situações que adoram. duche escocês. num dia, choram saramago, no outro, dão vivas à selecção. doença bipolar. tudo vivido com a emoção à flor da pele, como se tudo fosse absoluto.

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Jornal de Negócios, título gigantesco:
Negócios reforça liderança na imprensa económica online.

Diário Económico, gigantesco título:
Económico reforça liderança na informação online.

sim, é verdade. estes são os dois jornais que nos informam, com o rigor que a coisa implica, acerca dos pormenores e "pormaiores" da nossa economia e de outras miudezas da nossa vidinha. lindo!

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o actual, caderno intelectual do expresso, surgiu esta semana renovado graficamente. escusavam de se ter dado a tanto trabalho - a publicidade que enche a página 13 diz tudo.

domingo, 20 de junho de 2010

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no site do guardian podem comprar-se figueiras para cultivo caseiro. a descrição dos frutos deixa-me o palato aos pinotes:  "a dramatic variety, Ronde de Bordeaux yields figs with a shiny black skin and deep red flesh with a wonderfully rich flavour". vejam bem: uma "variedade dramática"... pena que só aceitem encomendas para a mainland...

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o melhor dossier sobre saramago está, obviamente, no el pais.
o melhor texto de homenagem "não literário" é o de zapatero.

mediaticamente, o regresso de saramago à pátria teve um aspecto assinalável.
os media, a começar pela tv, descolaram totalmente da realidade - o que, enfim, não é novo - e, sozinhos, fizeram a homenagem que não houve.
não houve - ao contrário do que muitos esperariam e apesar dos múltiplos eventos criados para esse propósito - povo na rua. algumas dezenas, e não centenas, de pessoas concentraram-se na praça do município. só isso.
um escritor nunca seria o suficiente para tirar os portugueses de casa, ou para os desviar da praia. ainda se fosse futebolista...
às televisões, bastaram-lhe essas dezenas de pessoas, como aquelas que são pagas para ir a estúdio aplaudir e apupar ao ritmo do polícia-sinaleiro, para montar "o cenário". e fazer o espectáculo.
isso nada tem de mal.
a melhor homenagem que se pode fazer aos escritores é a leitura.
mas, do ponto de vista mediático, ficou mais claro que nunca que não é necessário que algo aconteça para que passe na televisão.
de certa maneira, a televisão emancipou-se. a televisão deixou de precisar do mundo, de nós, para nos relatar.
e isso só é novidade absoluta para quem tem andado muito distraído.

sábado, 19 de junho de 2010

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canções para o resto da vida (19)



o pai, os primeiros amores, os sonhos que se esboroam, a puta da vida, o rio que seca. the river é o opus de springsteen.

para o d., na véspera do 17.º aniversário

sexta-feira, 18 de junho de 2010

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a foto, de marcelo buainain, surgiu ao princípio da tarde, poucas horas após o nobel. ficou logo primeira página, só ela, toda ela.
durante anos, o escritor contemplou, a partir dessa primeira página, a redacção que foi testemunha do seu lado negro. o quadro, de pinto coelho, veio depois, à laia de homenagem. a generosidade humana é inesgotável.
como todos os grandes escritores, saramago tornou-se a si próprio uma obra de ficção. e como todos os grandes, levou-se demasiado a sério. levou demasiado a sério essa ficção em que se transformou. isso fê-lo ainda maior, da grandeza que só os génios têm. os malditos. 
é óbvio que lhe devemos muito e que todas as honras não serão de mais. mesmo que ele, ficção, zombasse de nós ao ponto de ter adoptado uma ilha inóspita e estrangeira para sepultura.
de saramago escritor, da sua ficção despida da ficção, nada posso dizer. éramos, somos, de mundos completamente diferentes, distantes, indiferentes. faltou-me sempre o essencial para quebrar o gelo, a curiosidade.
e nem agora.
o tempo virá.

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deus, deixa-te de rodriguinhos (gaita, não resisti ao trocadilho).
o texto era bom. já para não falar nos retoques finais...

quinta-feira, 17 de junho de 2010

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menosprezam a blogosfera.
lendo isto, uma pessoa diverte-se à brava e ainda aprende umas coisas.
e lendo isto, uma pessoa diverte-se. apenas. media sem publicidade! uma dia, o luís m. jorge ainda inventa a pólvora. um génio, este marmanjo (e peguntam vocês, por que fala o luís de esquerda neste post? sei lá.)

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estava a dar a bola e jantei. no intervalo, um anúncio: "pare a diarreia, antes que ela o pare a si".

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no fim-de-semana, cruzei-me com o simões ilharco (se não conhecem, nem se atrevam a perguntar quem é) e apanhei um susto - o homem está mais novo.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

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canções para o resto da vida (18 bis)




se um dia me desse para ser artista de variedades (!), gostava de ser os walkmen.
lirismo puro em desespero.
agora, o pedro informa-me que há disco novo em setembro e que se chama... lisbon. será que ainda vou a tempo de entrar?

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RMD nunca desilude. Para se nivelar com "o grande debate da blogosfera", dá uma tiro na água. Fosse ele meu assalariado (cruzes!) e cortava-lhe os honorários pela metade.

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O Luís Naves, que conheço, comenta que, no blogue no qual escreve, "foi feito um link a um post que criticava o colectivo abrantes e foram criticados outros posts do mesmo autor com denúncias criticáveis, sobretudo quando começou a envolver Valupi. Em nenhuma linha houve falta de ética da nossa parte."
Acontece que parte substancial desse post linkado pelo blogue em que o Luís Naves escreve é centrado no meu nome. E acontece que nada daquilo me é, sequer, familiar. Não percebo, por isso, a razão pela qual Luís Naves fala em "ética" no caso de um link-post meramente difamatório.
Rectifico, por isso, o início deste meu post: "O Luís Naves, que desconheço (...)".

terça-feira, 15 de junho de 2010

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canções para o resto da vida (17)



discutem-se coisas importantes, por estes dias, na blogosfera. por exemplo: nigella é mais sexo ou comida? nessas coisas, como noutras, o melhor mesmo é não escolher.
há duas décadas, marisa monte fez questão de que a primeira canção do seu primeiro disco fosse esta canção dos titãs, que, além de outras coisas, bem poderia servir de banda sonora a nigella.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

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esta canção, nas suas duas versões (com e sem jay-z), surge fugaz em 'sex and the city - 2'.
é uma grande canção, dedicada a uma grande cidade (já do filme não se pode dizer a mesma coisa...).
jay-z (i'm the new sinatra...) constitui a prova de que o hip-hop não é totalmente desprezível. alicia keys é a melhor da sua geração.

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[um demente escreveu sobre mim umas baboseiras que eu próprio tenho dificuldade em compreender. um demente.]

domingo, 13 de junho de 2010

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canções para o resto da vida (15 e 16)

quatro décadas separam estas canções. pouco mais as separa.
são canções em busca da américa, talvez, perdida.
sou daqueles europeus para quem a américa é o símbolo da terra perfeita. ou quase, e por isso mesmo nos irritamos tantas vezes com ela.
as nossas maiores desilusões vêm sempre - óbvio - de quem mais admiramos e/ou amamos.
estou, no entanto, convencido de que, para um europeu, ou para um democrata, a américa será sempre a referência, a esperança.
e estou igualmente convencido de que o futuro tornará isso evidente.



a primeira canção, de paul simon, foi lançada em 1968 por simon and garfunkel. escolhi uma versão assombrosa, de cortar a respiração, de david bowie, no concerto para nova iorque, já mencionado atrás.




a segunda é uma das minhas canções preferidas de rufus wainwright, aqui também numa versão minimalista, apenas com piano. e parece-me que quando ele diz américa poderia dizer outra coisa qualquer, algo, alguém.

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terça-feira, 8 de junho de 2010

sexta-feira, 4 de junho de 2010

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canções para o resto da vida (14)



heróis instantâneos. heróis efémeros. heróis por um dia. todos somos heróis, logo ninguém é herói. bowie captou esse heroismo do homem comum, há umas décadas, numa canção tremendamente depressiva, de onde teimavam em escapar tenazes raios de luz. anos volvidos, na banalidade dos nossos dias, eis uma versão (quase) dançável, com a luz toda exposta. no caso, numa homenagem a nyc pós 9-11. forever and ever...

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"Vou torcer por Portugal por "default". Como quem torce pela família. Como quem torce por um filho sem talento. Por um filho com defeitos. Foi o país que Deus me deu (gosto muito de usar Deus como recurso estilístico, que é para isso que serve, do meu ponto de vista)."

Pedro Bidarra, entrevista ao Jornal de Negócios, 4 de Junho de 2010

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[acabadinho de receber no mail]

quinta-feira, 3 de junho de 2010

quarta-feira, 2 de junho de 2010

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canções para o resto da vida (13)





a canção foi gravada por edith piaf e tem coisas lindas como esta:

et si y avait pas de vie, même,
nous on s'aimerait quand même


gosto muito da versão de daho.

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O cara faz um esforço desgraçado para ficar rico, pra ficar famoso, malha, faz exercícios pra quê? A verdade é que é a mulher o objetivo.


Assim escreve Arnaldo Jabor, no twitter. E depois fala-nos de alguns "motivos pela total fixação do homem pelas mulheres":


#24 - A maneira que suas lágrimas tem de nos fazer querer mudar o mundo para que mais nada lhes cause dor.