quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

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O Jornal de Letras está hoje nas bancas com uma edição especial do seu n.º 1000.
Tenho boas memórias do JL. Assisti ao seu nascimento e tenho, se a traça não fez o seu trabalho, as primeiras dez edições com as fabulosas primeiras páginas de Abel Manta.
Eu dava os primeiros passos na profissão, na sala ao lado, no velho e extinto O Jornal. Era o meu primeiro contacto com as máquinas de escrever (!) de uma redacção, com as reuniões animadas, os dias de fecho, o cheiro do papel que chegava de manhã da gráfica.
Guardo essa memória do JL, mas também do Se7e e, claro, d'O Jornal. São boas memórias.
Mas foi também quando o JL nasceu que eu percebi que o jornalismo é como o resto dos círculos de poder da capital: o acesso é mais ou menos reservado a familiares, a pessoas que quando nascem já trazem o nome feito, e a amigos. Ah, o amiguismo...
A um jovem da "província", que a troco dos sacríficios dos pais conseguira o "canudo" em Comunicação Social, estava reservado o turno da noite e da madrugada, numa rádio, cinco anos (eu repito: cinco anos...) a recibo verde.
Hoje, tenho o n.º 1000 do JL nas mãos. E o consolo de, passados tantos anos e tantos filhos-de-puta pela minha vida, estar muito mais bem conservado que o JL.

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