domingo, 25 de janeiro de 2009

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A Feist é, como se costuma dizer, uma gaja honesta, no sentido em que a podemos deixar a cantar na nossa casa sem que ela nos roube algum livro ou incomode os vizinhos. Costumo gostar de gajas assim: guitarra, voz e umas merdas poucas à volta, só para não se dizer que está ali sozinha sem mais ninguém. O problema das pessoas sozinhas é que, se muita gente as vê muitas vezes durante muito tempo sempre sozinhas, começam a atrair as atenções, como quando três pretos vestidos com kispos entram na FNAC, e há aqui um conhecimento profundo da minha parte sobre esta matéria relativamente aos dois exempos alinhados. A Feist, para evitar incomodar assim as pessoas, encavalita nas suas canções, à vez, uns coros, uns pianos, umas baterias e pandeiretas, e até pássaros a cantar. Acho isto bem. Revela atenção, preocupação, cuidado com o outro. O que não chega, longe disso, para fazer da Feist uma Ani Difranco, uma Lisa Germano ou uma Kristin Hersh. O problema das canções da Feist é que não sendo todas iguais umas às outras, podiam perfeitamente se-lo, ou seja, qualquer gajo percebe que o principal esforço da Feist não foi o de compor canções (o que quer que isto signifique), mas o de "vamos lá cortar este bife grosso em bifes mais fininhos".

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