terça-feira, 27 de janeiro de 2009

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O "caso Freeport", como outros "casos" no passado, gera um curioso efeito comunicacional, a que poderíamos chamas de Efeito Amálgama, especialmente perceptível nas televisões.
Na ânsia de tudo mostrarem, tudo "investigarem", de não deixar nenhuma ponta de fora, de ouvir toda a gente, de encontrar o ângulo que ninguém ainda tinha descoberto, os media acabam por gerar autênticos amontoados, em que já não se distingue o velho do novo, o irrelevante do importante. Em que os media se citam uns aos outros, sem referências explícitas, perdendo ou "ganhando" conteúdo, através de cada vez mais divergentes abordagens.
Esta cacofonia, este entulho informativo, conduz à náusea e os media acabam por gerar o efeito que certamente menos esperavam - os consumidores cansam-se, "é tudo igual", "já não percebo nada disto" e, se porventura alguém aparecesse com uma verdadeira novidade, já ninguém iria reparar.
Os media, especialmente os audiovisuais, são auto-devoradores.

1 comentário:

  1. «(..)os media acabam por gerar autênticos amontoados, em que já não se distingue o velho do novo, o irrelevante do importante (..)».
    É curioso. Andava a sentir isso mesmo e falo até de jornais supostamente de referência, mas pensei que fosse uma má fase minha. Cansada, acabei há uns dias por comprar o «El País». Todavia, à excepção de um artigo muito interessante sobre o incentivo que o Governo espanhol está a dar à compra de produtos nacionais...achei que estava na linha dos portugueses. Entediante.
    Parece-me que será tempo de começarmos a ler mais livros e dar tempo aos jornalistas, comentaristas etc de fazerem o mesmo. Pode ser que se não andarem simplesmente a lerem-se e ouvirem-se uns aos outros, os seus jornais deixem de parecer cães à volta do rabo, ganhando um novo fôlego e um novo fulgor.

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