quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

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Ser professor sempre foi, para uma imensa maioria de licenciados nas mais variadas coisas, uma espécie de último recurso. Vai-se para a universidade, nem sempre para a área preferida, e depois, se não aparecer nada de melhor, há sempre uma escola que, com horários reduzidos, férias longas, ausências permitidas à fartazana, progressão na carreira garantida, está de portas abertas. Parece que há, agora, quem queira clarificar um pouco esta coisa... E, enquanto se armam em quase-missionários intocáveis, os ditos professores só pensam em sair dali. Com a autoridade de quem nunca esteve e sempre se sujeitou às regras do lado de cá, gostava de prevenir que isto, do lado de cá, não é pêra doce.

7 comentários:

  1. Completamente de acordo.
    Comecei do "lado de lá", porque na altura não havia empregos para licenciados. (Oh como tem barbas este discurso...)
    Depois, do "lado de cá" descobri que a vida não era pera doce. Sempre avaliei colaboradores, sempre fui avaliado -inclusive pelos subordinados! - e tudo bem, porque rigor, disciplina e trabalhinho fazem bem à cabeça!
    Que o "lado de lá" é mais descansado, não tenho dúvidas: que o diga um colega meu de curso que, no ano passado, resolveu prescindir de um bom salário do lado de cá, para ter uma vida mais descansada (palavras dele...) do "lado de lá"

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  2. E muitos ficam à porta do lado de lá, por falta de vaga.
    Mas que venham estagiar para o lado de cá. Mas que fique mais uma prevenção: o acesso não é à balda, não bastando a burocracia do preenchimento de uns papelitos.

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  3. A sua autoridade seria reforçada se fosse para o "lado de lá", de preferência a 300 km de casa, e depois, daqui a uns anitos, nos contasse, aos do "lado de cá", como é isso de ser professor em Portugal...

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  4. Há uns que emigram para o lado de lá. Outros que semanalmente passam a fronteira, num necessário e constante vai-e-vem. E têm que aguentar.
    Naturalmente que lamento qq das situações, ainda que sejam excepções. Mas as excepções terão que ser apenas para alguns?

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  5. Caro Núncio, "isso de ser professor em Portugal" é igual a tantas outras coisas em Portugal.
    Se quiser trocar cromos sobre dificuldades no trabalho (horas em excesso, recibos verdes, injustiças na avaliação, etc, etc) estou disponível.

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  6. Há entre nós, se interpreto bem o pensamento de Moura Pinto e de JMF, uma discordância de natureza ética e social: eu não quero que os professores fiquem com a vida mais difícil só porque há trabalhadores ainda mais castigados (horas em excesso, recibos verdes, injustiças na avaliação, etc., etc.). Eu, mas talvez seja ingénuo, preferia que fossem estes a ter cada vez melhores condições de trabalho.
    Em nome da dignidade humana...

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  7. Núncio
    Eu apenas invoquei, quanto a outras profissões, argumentos do mesmo tipo que você começou por invocar quanto aos professores, apenas quanto a estes.
    Talvez tenha havido ingenuidade, como diz, quando limitou o drama dos 300 Km de distância aos professores e esqueceu que tb há outros sujeitos às mesmas ou piores condições.

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