quinta-feira, 4 de setembro de 2008

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Tempos houve em que a tua vida era um puzzle. Um quebra-cabeças, na aparência. Mas, lá no fundo, tu sabias que tudo encaixava. E seguias o caminho com segurança. Podias começar ou prosseguir por onde quisesses, sabias que, no final, tudo bateria certo. Sabias, também, que quando tudo estivesse completo tudo acabava. Por isso, saboreavas o momento em que colocavas as peças. Umas vezes, lentamente. Outras, com avidez.
Um dia oferecem-te a tua primeira caixa de Lego e tu deliras. A vida, agora, é de geometria variável. Tu podes seguir as instruções e sabes onde vais dar. Mas podes voltar atrás, refazer, atalhar caminho. Fazer tudo diferente. Chegas a ter a ilusão da liberdade. De que com aquelas peças és todo-poderoso.
A angústia, a verdadeira angústia, chega no dia em que percebes que talvez devesses fazer uma escolha. É claro que podes sempre deixar o puzzle a meio e brincar um bocadinho aos legos. Ou o contrário. Mas suspeitas, e talvez tenhas razão, ou talvez não, e isso é que é tramado, que talvez devesses escolher. Não é?

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