quarta-feira, 17 de novembro de 2010

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canções para o resto da vida (43)

os beatles são o império romano da música pop-rock.
no apogeu, dominaram. impuseram modas, criaram uma indústria, moldaram o futuro.
após a queda, a influência perdurou. o seu latim ainda hoje é língua viva nas várias correntes da música que inventaram e que inventaram depois deles.

a chegada dos beatles ao itunes deixa roma já muito longe. tão longe como os romanos.
a desmaterialização da música, o regresso ao single, a dispersão por mil e um formatos, tudo isso passou ao lado dos beatles, devidamente encaixotados e selados à guarda de uns herdeiros que não souberam estar à altura dos acontecimentos. como muitos dos impérios que sucederam roma.

no itunes, uma pequeníssima geração vai, finalmente, poder comprar as canções dos beatles em formato digital e imaterial, mas especialmente em single, canção a canção, num regresso às origens. paradoxalmente, recriando aquilo que os beatles destruiram - a canção enquanto unidade, substuituida a meio da década de 60 pelo conceito do álbum.

mas nada disso é novo. nada disso surge ou é sequer potenciado pelos beatles. tudo já estava inventado antes de eles chegarem ao itunes.

neste novo mundo, roma parece já não contar, pelo menos nestas coisas tão aparentes. nas outras, nas profundas, ainda é o coração dos beatles que bate.



há uns meses, a rolling stone lançou uma edição especial sobre as melhores canções dos beatles. a day in the life ficou no topo. uma das vantagens da disponibilização da obra do quarteto no itunes é perceber, daqui a uns meses ou anos, qual ou quais as canções mais compradas, logo, as preferidas.

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