A morte do jornalismo (3)
Acresce ao que já se disse o facto de hoje em dia as redacções serem uma espécie de voz do dono.
Trata-se de um facto relativamente recente, pelo menos na forma generalizada em que actualmente se apresenta.
É claro que os media têm patrões e que, por isso, de alguma forma sempre cederam a ser porta-vozes dos interesses de quem paga e manda. Mas isso era, no passado, a excepção. Acontecia uma vez por outra, causava desconforto e, normalmente, não era feito da forma escancarada como acontece hoje.
Os jornalistas, a começar pelos directores, assumem frequentemente as dores e os apetites do patrão.
Por um lado, na luta entre grupos de media, seja através da supervalorização de notícias e personalidades do grupo, seja pela exclusão das dos grupos adversários. Em alguns casos, de forma ligeira, noutros, à bruta. Às vezes, basta a secção de "bocas" para escarnecer o adversário, noutros casos, chega-se à manchete.
Mais recentemente - e precisamente porque se abrira o caminho através da luta inter-grupos - os media alinham com os patrões nos seus negócios e opções políticas ou outras.
Os media passaram a conciliar aquilo que acham ser o jornalismo na sua acepção clássica com uma postura grupal mais ou menos declarada.
E nisto, como no resto, o que custa é abrir a porta. Com ela aberta, é fartar vilanagem.
No caso Freeport isso tornou-se evidente, mesmo para quem ainda tinha algumas dúvidas.
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