Às vezes acontece-me. Uma palavra que me assalta, que me invade. Da qual não consigo libertar-me. Palavra incómoda. Ainda para mais, como é o caso, quando a palavra tem o sentido deturpado pelo uso e quando eu próprio não estou completamente seguro de que seja ela a mais adequada para definir aquilo de que falo.
Falo de bondade. Sim, bondade. Uma palavra talvez gasta pelas religiões e afins, hoje excessivamente kitsch para ser usada por alguém que se quer, ou julga, urbano e moderno.
Mas é o que tenho tentado usar nos últimos largos meses. Comigo e com os outros. Bondade. Acho que a descobri, a bondade, quando senti que o mundo estava a esquecer-se de a usar em relação a mim. Eu, que nunca tinha sentido a sua falta, quase ignorava a sua existência. O costume.
Ontem, tive de pegar no Houaiss para me garantir de que não estava errado. Bondade. Palavra substantiva (é bom), feminina (so what?), "qualidade de quem tem alma nobre e generosa, é sensível aos males do próximo e naturalmente inclinado a fazer o bem". É isso. Isso que tento.
[continua...]
Sem comentários:
Enviar um comentário