a foto, de marcelo buainain, surgiu ao princípio da tarde, poucas horas após o nobel. ficou logo primeira página, só ela, toda ela.
durante anos, o escritor contemplou, a partir dessa primeira página, a redacção que foi testemunha do seu lado negro. o quadro, de pinto coelho, veio depois, à laia de homenagem. a generosidade humana é inesgotável.
como todos os grandes escritores, saramago tornou-se a si próprio uma obra de ficção. e como todos os grandes, levou-se demasiado a sério. levou demasiado a sério essa ficção em que se transformou. isso fê-lo ainda maior, da grandeza que só os génios têm. os malditos.
é óbvio que lhe devemos muito e que todas as honras não serão de mais. mesmo que ele, ficção, zombasse de nós ao ponto de ter adoptado uma ilha inóspita e estrangeira para sepultura.
de saramago escritor, da sua ficção despida da ficção, nada posso dizer. éramos, somos, de mundos completamente diferentes, distantes, indiferentes. faltou-me sempre o essencial para quebrar o gelo, a curiosidade.
e nem agora.
o tempo virá.
conseguis-te fazer uma descriçao sublime...
ResponderEliminarfeita por encomenda para o DNa. Não foi? Foi, pois.
ResponderEliminarFRD
pois foi. e, em muitos anos de DNa, foi um dos raríssimos momentos de interacção entre as duas redacções...
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