O gesto mais simbólico, neste 25 de Abril de 2009, é a inauguração de um Largo com o nome de Salazar em Santa Comba Dão, terra natal do ditador.
Mandam os nossos brandos costumes que seja possível reabilitar o homem que parou o país no tempo durante meio século e que é, objectivamente, o principal culpado, não apenas pelos nossos baixos índices de desenvolvimento socio-económico, mas especialmente pelo enraizamento de uma certa mentalidade tacanha que ainda hoje, ciclicamente, emerge na política portuguesa.
Que Salazar tenha, pois, o seu Largo em Santa Comba...
Mas certamente que nem o ditador autorizaria que a inauguração de tal Largo ocorresse numa data tão simbolicamente adversa como o 25 de Abril.
Que o Largo fosse inaugurado a 28 de Maio, ou na data de nascimento (ou do passamento...) do velho, ou até no aniversário da queda da cadeira, seria coisa medianamente aceitável.
Assim, a 25 de Abril, é um acto de pura estupidez política. E só se torna simbólico porque vivemos, de facto, tempos em que a estupidez política campeia.
Morei em Santa Comba Dão durante uns anos. Terra de boa gente, de gente amiga. Lembro-me bem daquela pracinha. Esta inauguração é uma estupidez, e uma provocação entre partidos, muito provavelmente. Nada a combinar com aquela gente. Boa gente, aquela.
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