domingo, 22 de março de 2009

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Há muito que as coisas para aí caminham, um pouco por todo o lado. Mas nos últimos tempos, entre nós, tudo se tem precipitado. Instalou-se no sistema mediático português uma barbárie que lhe é, em grande parte, anterior. Ou seja, o sistema mediático está claramente disfuncional, mas o problema é mais vasto, precede-o. É uma questão de cultura, de civilização.
O que me espanta, no comezinho dia-a-dia, não é tanto o atropelo constante, persistente, normalizado, das mais elementares regras do jornalismo, mas sim o caldo de cultura de que tudo isso resulta.
Para quem faz parte do sistema, a interrogação diária, permanente, não pode deixar de ser: "como lidar com isto?" Como participar nesta babel de barbárie sem perder a alma, sem perder o respeito por si próprio?

Por exemplo, vale a pena analisar, abordar, desmentir, de acordo com as regras normais destas coisas, um noticiário inteiro feito completamente à revelia das regras universalmente estabelecidas?
Como lidar com as evidentes contaminações dessa maneira de fazer as coisas que se sentem um pouco por todo o lado?

Ou isto

Que, pelo menos, uma equipa de “criativos”, um actor, uma jornalista, um director criativo numa agência, responsáveis numa agência de meios, chefias intermédias e administradores de uma empresa pública tenham participado no processo que produziu o vídeo de que se fala e que ninguém tenha tido um – ainda que ligeiro – assomo de indignação democrática. Mostra bem como o que nos separa da cultura anti-democrática é uma pequena película. Tão pequena que temos dificuldade em vê-la.

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