O Chiado voltou às páginas dos jornais, mercê do aniversário do grande incêndio.
Apesar de todos os pontos negativos que se lhe possam apontar, o Chiado constitui hoje a única zona decente da Baixa de Lisboa. A única zona dessa Baixa onde se procurou(a) fazer alguma coisa.
Quem percorre o quadriculado que vai dos Restauradores ao Terreiro do Paço (e é melhor nem falar do Martim Moniz...) não pode deixar de meditar nos benefícios mobilizadores que teria uma caixa de fósforos bem utilizada.
Concordo consigo. O chiado aliás é a única zona urbana do país, a par da avenida dos aliados. O resto é saloice. Só que, sendo honesto intelectualmente, temos que concordar que apesar da degradação da baixa pombalina, é ainda infinitamente preferível à heterogeneidade urbanística do resto da cidade, onde prédios de betão lindíssimos dos anos 60 vivem lado a lado com prédios arte noveau à espera de cairem para construirem lá edifícios envidraçados.
ResponderEliminarEntendo o seu ponto de vista. A zona do Saldanha (a Sul e a Norte) é um bom exemplo. E há ainda zonas mais recentes (a Av José Malhoa é quase o paradigma...) em que se perdeu a oportunidade de fazer algo decente. Mas a Baixa, apesar de tudo, é o que mais dói. Basta percorrer a Rua dos Fanqueiros, percorrer os 360º graus da Praça da Figueira, ou passar em qualquer, mas mesmo em qualquer, rua da Baixa e olhar acima do rés-do-chão. Mete dó.
ResponderEliminarA Avenida dos Aliados é um ‘case study’ do que não deve ser feito, não por amor à tradição, não pela força da razão – as multidões eufóricas destroem os jardins – mas porque é necessário preservar o que é bom, o que é belo, o que serve, não só à razão, mas, sobretudo, ao coração. E aqui, falamos de uma cidade que poucos espaços ajardinados já tinha e que, por via de uma intervenção modernista, ficou ainda mais cinzenta, desalmada, só.
ResponderEliminarSaloia e degradada, a Avenida é agora um corredor de cimento, pontilhado por tentativas pífias de sombra e repouso.
Acabou-se a cor, a variedade vegetal, os contornos pedonais bordejados a tímida vida que eram aqueles milhares de florzinhas.
Neste caso, nem um fósforo remediaria.
Tema ou nota muito incendiária neste ‘post’, caríssimo JMF…
Cara Margarida,
ResponderEliminarSim, concordo em pleno, referia-me aos prédios à volta da avenida dos aliados, não à praça central. Substituir os ladrilhos da praça por árvores é fácil, aqueles prédios é que já não se fazem.
Muito bem observado Luís G.! A questão é que os autóctenes não levantam os olhos do chão. É preciso os forasteiros para nos fazer reparar naquilo que temos por adquirido. No que não vemos. Porque olhar para o céu e ver à volta é uma surpresa encantadora.
ResponderEliminarHei-de tirar fotos...; bem lembrado..., e à cautela, para ficar, nunca se sabe...
E a estatuária que se acomoda naqueles topos; indiscritível. E, infelizmente, tão invisível...